quarta-feira, 27 de agosto de 2008

PESSOA e as MÁSCARAS

Pessoa deriva, etimologicamente, do Latim persona, que significa máscara, figura, papel representado por um actor. Neste sentido, actualmente, ainda se associa persona à imagem com que uma pessoa se apresenta em público. Muitos autores admitem que as pessoas, na sua vida quotidiana, agem assumindo várias personagens, representando papéis impostos pelos grupos sociais, como se a vida social de um palco se tratasse. Tal como no teatro, se a representação é boa, ter-se-á aceitação por partes dos assistentes. Citando Shakespeare “O mundo inteiro é um palco. Todos os homens e mulheres não passam de actores. Têm as suas entradas e as suas saídas”.

Muitas vezes a vida social obriga a “representar” no dia-a-dia, podendo mesmo acontecer, frequentemente, que os indivíduos ocultem os seus verdadeiros sentimentos ou então mostrem sentimentos que, verdadeiramente, não possuem mas, por conveniência social e expectativas dos outros, tendem a manifestar. Por exemplo, fingir contentamento numa situação que não lhes agrada ou manterem-se sérios numa outra que lhes parece cómica. Quer isto dizer que, quando uma personagem não é compreendida pelo grupo social, quando as máscaras utilizadas não permitem representar o papel na sua plenitude, podem ocorrer problemas para os indivíduos.

Com efeito, o conformismo social pode levar ao medo de não ser aprovado pela sociedade, conduzindo a uma rigidez na mudança das máscaras. Em contrapartida, a necessidade de aprovação social pode levar o indivíduo a procurar, desenfreadamente, um destaque especial para o papel que representa. Assim, as máscaras podem ser defesas, cuja finalidade principal é proteger os indivíduos do meio social envolvente. É por isso que, com o passar do tempo, vamos aprendendo a representar no palco da vida, movimentando e adaptando de forma adequada as máscaras. Aprendemos não só a antecipar as reacções às nossas acções, mas também aprendemos a identificar as expectativas dos outros.

Façamos agora um jogo entre o indivíduo Fernando e o conceito Pessoa, deixemo-nos conduzir pelos heterónimos de Fernando Pessoa que, como refere José Saramago, é homem de máscaras que olham máscaras, como se só máscaras o pudessem ler e porventura compreender. Máscaras que têm nomes como Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro ou Bernardo Soares. Sabendo que da palavra persona, enquanto máscara de actor, também deriva a palavra personalidade, será interessante saber se todos estes heterónimos, enfim, não passam de máscaras que transfiguram a verdadeira personalidade de Fernando Pessoa, homem de máscaras.

Citemos José Saramago: “Há vertigem neste jogo. As máscaras olham-se sabendo-se máscaras. Usam um olhar que não lhes pertence, e esse olhar, que vê, não se vê. Colocamos no rosto uma máscara e somos outro aos olhos de quem nos olhe. Mas de súbito descobrimos, aterrados, que, por trás da máscara que afinal não poderemos ser, não sabemos quem somos. Está portanto por saber quem é Fernando Pessoa.” E tudo isto nos leva à questão fundamental: Quem sou eu? Talvez seja melhor seguir a máxima inscrita no Templo de Delfos, que tanto motivou Sócrates: “Conhece-te a ti próprio”

sábado, 23 de agosto de 2008

ARGUMENTAÇÃO

Afinal por que é necessário argumentar? Será porque existe uma crise de valores que nos empurra para o niilismo? Talvez uma crise de autoridade? Não, seguramente não pode ser por uma crise de autoridade porque, se assim fosse, isto é, caso houvesse uma autoridade à qual recorrer, não seria necessário argumentar: a autoridade, entenda-se por isso o que se quiser, mesmo com o argumento ad verecundiam, seria justamente o contrário da argumentação. Também podemos dizer que é necessário argumentar para não cair no cepticismo que sempre acompanha as épocas de crise.

Ora, estando a nossa época em crise, pelo menos a julgar pelo que se ouve, então é necessário argumentar, sempre. O que seria de nós se ficássemos atolados pelo cepticismo, agora que já não temos um Descartes para resolver, com a sua dúvida hiperbólica e o seu cogito, os novos cepticismos que pairam sobra nós como se de uma nuvem negra se tratasse. Logo nós, que até vivemos num país tão soalheiro, não obstante o fado que teima em permanecer.

De repente dou por mim a pensar que o problema da argumentação está ligado à Democracia, agora como na antiguidade clássica. Sim, porque no tempo da Grécia antiga o problema já se colocava, como bem viram os sofistas com a sua arete politike. Com a invenção da Democracia surgiu a necessidade de fazer valer os diversos pontos de vista em debate; enfim, numa palavra, argumentar para fazer valer o seu ponto de vista. É que, bem vistas as coisas, só é possível argumentar em Democracia. Mas agora com uma nova retórica, como nos ensina Perelman.

Imagine-se chegar ao junto de um monarca absoluto e questionar as suas ordens? Bom, também não é preciso ir tão longe. Afinal, é necessário autoridade e, já diz o povo, o respeito é muito bonito. E mais uma vez estamos perante o problema de autoridade. Mas será que a argumentação é incompatível com a autoridade? A julgar pelo exemplo da História, começou-se a argumentar em Democracia. E isso parece ser um dado adquirido, mesmo na actualidade. Os inúmeros casos em que os dissidentes políticos são presos ou perseguidos quando tentam argumentar contra o poder instalado, são disso a prova.

Nas sociedades democráticas actuais o processo argumentativo tornou-se essencial. Veja-se os casos dos referendos, como o referendo ao aborto, por exemplo. Como sói dizer-se, é uma situação fracturante, pois divide a população em duas, uns a favor e outros contra. E é preciso muita argumentação para levar de vencida qualquer uma das perspectivas em debate. Tal não seria possível se não vivêssemos em Democracia. Mas será que basta viver em liberdade para poder argumentar?

Considero que a necessidade de argumentar vai bem mais fundo, e toca num problema que afecta muito as sociedades actuais, muito virados para o consumo imediato, sem atitude crítica, aceitando sem pestanejar qualquer autoridade na matéria, desde que bem falante e apareça nos meios de comunicação social. Como dizia um pensador do século XVIII chamado Kant, é preciso ter a coragem de pensar por si próprio (Sapere aude!).

Em resumo, e voltando à pergunta inicial, é necessário argumentar para evitar ter uma atitude passiva, que tudo aceita sem nada questionar. E não é preciso ter medo de eventuais cepticismos ou outras crises que tais. Além disso, argumentar é motivo de coesão, pois aproxima as pessoas que, deste modo, devem sair do seu individualismo e dos seus monólogos, para assumir posições comuns e partilhadas. Enfim, tomar uma atitude dialéctica e intersubjectiva tendo como referência o todo da comunidade.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

CONFORMISMO

A adaptação aos outros leva os indivíduos a aceitar as normas sociais vigentes. Define-se norma social a escala de referência ou de avaliação que define uma margem de comportamentos, atitudes e opiniões, sejam permitidos ou condenáveis. A relação entre norma social e normalização é que esta última designa justamente o estabelecimento da norma social com base na influência recíproca dos membros de um grupo de indivíduos que se manifestam hesitantes quando aos modos convenientes de pensar e agir. Por isso, o conformismo é uma atitude desenvolvida e altamente valorizada na vida social.

Conformismo, numa perspectiva científica, implica o designado “efeito Asch”. Contudo, o tema do conformismo leva-nos bem mais longe, como o atesta o texto de Gleitman: “Asch descobriu que a percentagem de indivíduos que se mantinham completamente independentes e seguros dos seus juízos, em todas as séries em que o grupo discordava deles, era inferior a 25 %. A maior parte deles aderiu ao grupo, pelo menos em algumas ocasiões, a despeito da nítida evidência dos seus sentidos – um resultado com implicações algo incómodas para o processo democrático.”

O texto remete para a experiência realizada por Salomon Asch, em que se mostra a realidade das normas impostas pelo grupo e a dificuldade das pessoas em quebra-las, o que nos leva ao tema do conformismo. Se o grupo que nos acompanha manifestar entusiasmo, sentimo-nos pressionados a concordar ou ficamos em silêncio mantendo privada a nossa opinião discordante da maioria. Dizemos, então, que nos conformámos. O conformismo é uma forma de influência social que resulta do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou as suas atitudes por efeito da pressão do grupo.

Na experiência o sujeito tinha de seleccionar, entre três linhas de comprimento desigual, traçadas num cartão, a que era do comprimento de uma outra linha, observada noutro cartão. Embora reconhecendo inicialmente que as respostas certas não podiam ser as que eram dadas pelos outros sujeitos participantes, a partir de determinada altura, o sujeito ingénuo começou a duvidar de si próprio, acabando por se deixar arrastar pela opinião dos participantes coniventes, dando a mesma reposta falsa que eles davam. Depois da experiência, Asch procurou, através de entrevistas com os sujeitos participantes compreender os processos subjacentes ao comportamento conformista.

A partir desses dados, tem-se procurado identificar os factores que influenciam e explicam o conformismo, nomeadamente: a unanimidade do grupo, a ambiguidade da situação, a importância do grupo e a auto-estima. Mas, em determinadas circunstâncias, o conformismo no interior do grupo pode chegar a um nível que conduz a consequências muito negativas, como o processo democrático referido por Gleitman. Há casos em que o inconformismo e a desobediência são mais meritórios, em particular: na inovação científica, filosófica ou artística; na alteração de normas e costumes sociais; em casos de regimes não democráticos; na luta contra os preconceitos sociais.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

BULLYING. VIOLÊNCIA nas ESCOLAS.

Allan Beane, especialista em educação, esteve em Portugal para dar conferências relativas à violência nas escolas. Ele pretende ajudar os professores a criar estratégias para manter as salas de aula sem violência, fazendo campanha contra o bullying. Nos Estados Unidas da América, esta “disciplina da violência” começou a matar quando os agredidos se transformaram em agressores, como no massacre de Columbine em que dois alunos, que tinham sido perseguidos, entraram na escola disparando sobre os colegas.

Como referiu este perito, cerca de 60% dos bullys têm cadastro aos 24 anos. Nos Estados Unidos da América, este tipo de violência representa uma das principais causas de absentismo escolar, levando mais de 160 mil alunos a faltar diariamente às aulas, com medo. Os rapazes são os principais praticantes do bullying directo, ameaçando ou batendo em colegas mais fracos, enquanto as raparigas preferem o bullying social, caracterizados pelas ofensas, pela humilhação, disseminação de boatos maldosos e rejeição. Esta forma de violência estende-se à Internet, nomeadamente através da difamação de colegas em sites, com publicação de fotografias e vídeos.

Quando interrogado acerca da origem do bullying na escola, Allan Bean identifica a falta de disciplina em casa porque, se os pais não disciplinam os filhos, é natural que eles não saibam controlar-se. A prevenção dentro da Escola tem dois sentidos: o primeiro é a integração, fazendo com que todos se sintam integrados; o segundo passa pelo trabalho com a vítima, incutindo-lhe que não deve ter medo de enfrentar o agressor. Quanto ao papel do professor, este deve fazer campanha contra o bullying, envolvendo os pais na discussão do que se passa.

Em Portugal, os estudos mostram que a prevalência de vítimas destas agressões está calculada entre 7% e 10%. Mas isso não deve ser desculpa para que fiquemos à margem, como que dando continuidade à máxima de Sartre “O inferno são os outros”. Não há neutralidade e todos estão envolvidos: educadores e educandos, docentes e discentes. Nem sequer deveremos adoptar uma atitude maniqueísta, seja ela de origem étnica, social ou económica. No fundo todos somos responsáveis e a nossa responsabilidade aumenta na directa proporção da nossa liberdade.

A política do medo que está subjacente ao bullying assenta numa relação senhor-escravo na qual, mutatis mutandi, o agressor é o senhor e a vítima é o escravo. Ora, como bem notou Hegel justamente na dialéctica do senhor e do escravo, nem um nem o outro são livres. Por isso é preciso passar de uma relação binária, baseada no medo e dependência, para uma dialéctica ternária em que a tese (agressor) e a antítese (vítima) dê lugar, pela tomada de consciência desta última, a uma síntese: pessoa livre. E porque todos somos livres todos somos responsáveis.

sábado, 16 de agosto de 2008

AS CORES DA EMOÇÃO

O Diário de Notícias publicou na sua edição de 10 de Novembro de 2006 um artigo intitulado “Amarelo de cólera, vermelho de alegria”, no qual se revela o estudo “Expressão facial: a influência das cores na identificação e reconhecimento das emoções básicas”, realizado pelo Laboratório de Expressão Facial da Emoção, em Portugal. Como explicou o director do laboratório, Freitas-Magalhães, o objectivo da investigação foi perceber de que forma crianças e jovens percebem as emoções, e que cores associam instintivamente a cada uma.

Em termos metodológicos, foi constituída uma amostra significativa de 364 crianças (182 rapazes e 182 raparigas) com idades entre os seis e os dez anos e a frequentar o 1º ciclo do Ensino Básico, bem como 254 jovens (127 mulheres e 127 homens) com idades entre os 18 e os 25 anos, a frequentarem o Ensino Superior. As cores escolhidas foram o amarelo, laranja e vermelho (quentes), violeta, azul e verde (frias) e preto, branco e cinzento (neutras), e as emoções básicas em estudo foram a alegria, tristeza, cólera, medo, aversão, surpresa e desprezo.

As conclusões mostram que as crianças associam instintivamente as mesmas cores às mesmas emoções, sem qualquer diferença de género nessa escolha. Alegria e vermelho, cólera e amarelo, desprezo e cor-de-laranja no caso das cores quentes. Quanto às restantes cores, à tristeza associam o azul, à surpresa o branco e à aversão e medo o preto. Para os adultos já não é assim. À excepção da alegria e da cólera, a que associam exactamente a mesmas cores, os jovens adultos associam o violeta à tristeza, o cor-de-laranja à surpresa, o verde à aversão e o cinzento ao medo e ao desprezo. Aqui há diferenças significativas de género. As mulheres, à cólera associam o cinzento (em vez do amarelo), à tristeza o azul (em vez do violeta) e ao medo o preto (em vez do cinzento).

Numa perspectiva clássica, privilegiavam-se os processos cognitivos, tendo-se da emoção uma visão negativa. Emoção e pensamento eram inconciliáveis, considerando-se a primeira como obstáculo ao bom exercício das capacidades racionais. O racionalismo, consubstanciado na célebre máxima Cogito ergo sum, pode traduzir esse paradigma que nos conduz ao antropocentrismo do homo sapiens, entretanto posto em causa pelas três grandes descentrações: cosmológica (Copérnico), biológica (Darwin) e psicológica (Freud), não esquecendo os “mestres da suspeita” (Nietzsche e Marx).

Na actualidade, fruto das novas investigações levadas a cabo por neurocientistas, não se considera a emoção como um entrave ao pensamento. Esta é, em síntese, a tese de António Damásio, segundo a qual é absurdo separar cognição e emoção, na medida em que o funcionamento equilibrado da mente só é possível com o contributo da emoção. O estudo acima referido põe em destaque as reacções expressivas através da relação entre cores e emoções, contribuindo assim para a instauração de um novo paradigma antropológico, traduzido numa visão holistica e dialéctica da trilogia cognição, emoção e conação.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

ÉDIPO COMPLEXO

Édipo significa, em sentido figurado, aquele que explica um enigma, que esclarece uma questão obscura, como por exemplo o paradigmático enigma da Esfinge. Quando substantivado, dá origem ao edipismo, significando o arrancamento voluntário de um ou dos dois olhos por alguém alienado de si próprio. Está ainda na origem de várias obras, entre as quais, uma das mais importantes, realizada por Sófocles, célebre poeta grego que, em 415 a. C., escreveu a tragédia Édipo Rei.

Quando Édipo nasceu, o seu pai Laio, rei de Tebas, mandou expô-lo no monte Citíron por que um oráculo tinha-o prevenido de que, se tivesse um filho, este o mataria. Encontrado por uns pastores, Édipo foi levado ao rei de Corinto, Políbio, que lhe deu a educação de um príncipe. Chegado à idade adulta, Édipo consultou um oráculo que lhe deu o conselho de nunca mais voltar à sua pátria, pois estava destinado a matar o seu pai e desposar a sua mãe se tal fizesse. Persuadido que a sua pátria era Corinto, Édipo exilou-se, mas quis o destino que encontrasse Laio no seu caminho; da briga entre os dois, Édipo matou Laio.

Por esse Tempo, um monstro de nome Esfinge, devastava os arredores de Tebas, devorando os viajantes que não adivinhassem os seus enigmas. Creonte, sucessor de Laio, prometera a mão de Jocasta, mãe de Édipo, bem como o trono a quem livrasse a polis do horrível monstro. Édipo decifrou o enigma da Esfinge que, furiosa, se atirou ao mar. Por esse motivo, Édipo foi aclamado rei de Tebas e desposou a sua mãe. Quando estes factos foram revelados por um oráculo, Jocasta suicidou-se por enforcamento, e Édipo, depois de ter arrancado os próprios olhos, deixou Tebas guiado pela sua filha Antígona. Chegou a Colona, na Ática, entrou no bosque das Euménides, onde desapareceu.

Como sabemos, a cultura grega é uma das principais matrizes da cultura Ocidental e da europeia em particular. O próprio nome Europa é disso testemunho. Não admira, pois, que personagens da cultura grega como Édipo tenham chegado até nós e continuem a alimentar a criatividade cultural actual. O Complexo de Édipo é um bom exemplo do que foi dito. Trata-se de uma inclinação sexual que liga qualquer criança ao seu progenitor do sexo oposto. O Complexo de Édipo foi revelado pela psicanálise freudiana, sendo fundamental para o diagnóstico e descoberta das neuroses e dos recalcamentos.

O interessante neste Complexo de Édipo proposto por Freud, para além dos aspectos psicanalíticos que envolve, é que, tal como na história que lhe dá origem, existe uma triangulação relacional idêntica. Édipo, na mitologia grega, sem ter consciência, mata o pai, Laio, e casa com a mãe, Jocasta. Na psicanálise, o período edipiano também é uma triangulação inconsciente. Contudo, quando Sófocles escreveu o Rei Édipo ou a Antígona, ele procurou o princípio da acção na vontade humana. Neste sentido, e parafraseando Albert Camus a propósito de outro grande mito grego, Sísifo, é preciso entender Édipo numa perspectiva livre, entendendo a triangulação não como um religare ao transcendente ou mesmo alienação, mas sim como uma dialéctica ternária em que a síntese será sempre o homem livre.