domingo, 26 de julho de 2009

FINITUDE E CONSCIÊNCIA: UMA VISÃO DA CONDIÇÃO HUMANA

Considero que uma das características distintivas da condição humana é a sua finitude. Melhor, a consciência da sua finitude, pois sem essa consciência dificilmente poderíamos, sequer, falar em condição humana.

Desde que adquiriu consciência, não só da sua condição, mas sobretudo da sua finitude, o ser humano sempre procurou superar essa “falta” apelando para elementos sobre-humanos, diria mesmo sobrenaturais.

Os mitos terão sido, numa perspectiva sistemática, a primeira tentativa de responder às perguntas e anseios deste ser que, deste modo, procurava respostas apelando a um tempo primordial (in illo tempore), justamente devido à sua finitude.

Com o advento da Filosofia, nomeadamente a grega, o mito foi perdendo a sua importância, para dar lugar a teorias mais elaboradas, que remetem, por um lado para a Metafísica e, por outro lado, para a Teologia, mas cujo desfecho é um dualismo.

Perante a consciência da sua finitude, o ser humano recorre a esses dualismos como forma de colmatar a sua finitude. Um dos mais conhecidos é o dualismo antropológico, que separa o corpo da alma e procura a sua unidade num Absoluto, seja este uma realidade Metafísica ou entidade divina.

O que pretendo destacar é que o ser humano não precisa recorrer a dualismos, sejam eles cosmológicos, teológicos ou outros, pois a resposta que procura está nele próprio. Aliás, ele é o grande enigma para o qual se procura a resposta. As questões kantianas “Que posso saber?”, “Que devo fazer?” e “Que me é permitido esperar?” só têm sentido perante a derradeira e antropológica questão “Que é o homem?”

O Todo, que é o ser humano, não é compatível com abordagens dualistas. Contudo, devido à sua finitude, só dialecticamente alcançará esse Todo. Daí a necessidade de uma Aufhebung hegeliana, que progride a partir da dicotomia biológico/cultural, superada pela consciência de si.

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