domingo, 6 de setembro de 2009

ÉTICA PARA UM ANIMAL POLÍTICO

Os últimos tempos têm sido férteis em casos que nos levam a pensar na relação entre ética e política. Relembremos os mais mediáticos: recandidaturas de políticos em casos que transitaram em julgado, elaboração de listas com candidatos envolvidos em casos suspeitos, limitação do número de mandatos. Este último caso não deixa de ser paradigmático. Sabemos que há diversos “dinossáurios” no poder.

Mas a questão não é de tempo, mas sim de poder. E, como diz a máxima: o poder corrompe; o poder absoluto corrompe absolutamente. A questão é também ética. Mas o que é a ética? Não vou aqui discorrer acerca do que é a Ética, bem como as diferenças desta com as diferentes áreas com ela associadas. Deixo isso para um texto no meu Blogue a quem estiver interessado em ler.

Aproxima-se a data de eleições legislativas e autárquicas. Nos últimos tempos muito se tem falado de um hipotético divórcio entre ética e política. Acusam-se os políticos de agirem sem ética. Avançam-se teses que qualquer indivíduo acusado de algo não deveria candidatar-se a cargos públicos. Apontam-se políticos sem escrúpulos, candidatando-se a cargos sem qualquer pudor ou princípio ético. Os partidos políticos procuram demarcar-se dos casos particulares e recorrem ao jargão jurídico: ninguém pode ser culpado até trânsito em julgado.

O termo Ética é muito usado no dia-a-dia. Inclusive, usamo-lo para caracterizar as nossas condutas morais e legais, confundindo-o com a Moral, o Direito e a Deontologia. Também é usual associar o termo Ética com Política e outras formas de vida pública. Esta confusão ganha evidência sempre que uma figura pública, política ou não, comete algum ilícito criminal ou tem uma conduta moralmente repreensível. Daqui surge a pergunta: para que serve a ética na política?

Porque somos animais políticos, no sentido nobre da palavra, cito Fernando Savater: “A ética preocupa-se em conseguir boas pessoas e a política ocupa-se em conseguir boas instituições; e as boas instituições distinguem-se porque conseguem funcionar bem ainda que as pessoas que as encarnam não sejam moralmente boas”. As várias “instituições” – legais, políticas, deontológicas – são alheias à noção de ética, porque esta nunca pode considerar-se “institucionalizada”. É por isso que a ética não pode ser o remédio da política.

Sem comentários: