quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Mãe: um contributo para a sua compreensão.

A mãe não é a única figura de protecção. Hoje considera-se que não existe uma predisposição biológica específica de vinculação com a mãe biológica. Se nos animais inferiores o comportamento maternal é determinado por mecanismos hormonais, nos animais superiores as aprendizagens anteriores têm um papel importante na manifestação de comportamentos adequados relativamente às crias, como o provam as experiências de Harlow com primatas. Além disso, a injecção de prolactina na hipófise de ratos machos, desencadeou neles comportamentos característicos nas fêmeas.
                                                                                                   
No ser humano, conhecem-se alguns processos hormonais que indicam algumas expressões do comportamento maternal. A prolactina, segregada pela hipófise, estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias. A ocitocina, produzida pelo hipotálamo e libertada pela hipófise, é responsável pelas contracções uterinas e pela libertação do leite. O estrogénio e a progesterona são responsáveis pelo aumento das glândulas mamárias e pela inibição, durante a gravidez, da libertação de prolactina. Contudo, o comportamento maternal está marcado por factores sociais e culturais.

O tema em análise está orientado para dois tópicos intimamente ligados: a figura materna e as relações de vinculação do bebé à mãe. Uma das questões que gera alguma controvérsia é o facto de entender o conceito de mãe numa perspectiva biológica, a designada mãe biológica, com a qual o bebé estabelece uma vinculação também ela com características biológicas. Estudos entretanto desenvolvidos mostram que o bebé estabelece laços de vinculação com a pessoa mais próxima e permanente que cuida preferencialmente dele, que responde de forma mais adequada às suas necessidades.

Se bem que algumas competências exigidas a uma mãe para criar e educar uma criança se relacionem com a biologia, a maior parte delas são desenvolvidas por aprendizagem no seio social. Portanto, em termos psicoafectivos, mãe é todo e qualquer adulto significativo que dispõe de tempo para dedicar à criança, proporcionando-lhe experiências positivas e estimulantes e dispensando-lhe atenção e afecto. Há agentes maternantes, como as mães de substituição, o pai, outros familiares e outros elementos sociais que desempenham esse papel, funcionando como figuras de vinculação.


Quanto à relação entre vinculação e desenvolvimento social e emocional, pode dizer-se que a vinculação dos bebés, tanto humanos como primatas, em relação às mães pode ser vivida de modo gratificante, ou penoso. Experiências com primatas e observações de seres humanos levaram ao estabelecimento de uma relação directa entre o desenvolvimento social e emocional e a vinculação, designadamente a nível sexual e maternal. A relação mãe-filho deve estar baseada em sentimentos geradores de confiança, para que os bebés se sintam aptos a estabelecer novos e benéficos contactos sociais.

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