segunda-feira, 18 de agosto de 2008

BULLYING. VIOLÊNCIA nas ESCOLAS.

Allan Beane, especialista em educação, esteve em Portugal para dar conferências relativas à violência nas escolas. Ele pretende ajudar os professores a criar estratégias para manter as salas de aula sem violência, fazendo campanha contra o bullying. Nos Estados Unidas da América, esta “disciplina da violência” começou a matar quando os agredidos se transformaram em agressores, como no massacre de Columbine em que dois alunos, que tinham sido perseguidos, entraram na escola disparando sobre os colegas.

Como referiu este perito, cerca de 60% dos bullys têm cadastro aos 24 anos. Nos Estados Unidos da América, este tipo de violência representa uma das principais causas de absentismo escolar, levando mais de 160 mil alunos a faltar diariamente às aulas, com medo. Os rapazes são os principais praticantes do bullying directo, ameaçando ou batendo em colegas mais fracos, enquanto as raparigas preferem o bullying social, caracterizados pelas ofensas, pela humilhação, disseminação de boatos maldosos e rejeição. Esta forma de violência estende-se à Internet, nomeadamente através da difamação de colegas em sites, com publicação de fotografias e vídeos.

Quando interrogado acerca da origem do bullying na escola, Allan Bean identifica a falta de disciplina em casa porque, se os pais não disciplinam os filhos, é natural que eles não saibam controlar-se. A prevenção dentro da Escola tem dois sentidos: o primeiro é a integração, fazendo com que todos se sintam integrados; o segundo passa pelo trabalho com a vítima, incutindo-lhe que não deve ter medo de enfrentar o agressor. Quanto ao papel do professor, este deve fazer campanha contra o bullying, envolvendo os pais na discussão do que se passa.

Em Portugal, os estudos mostram que a prevalência de vítimas destas agressões está calculada entre 7% e 10%. Mas isso não deve ser desculpa para que fiquemos à margem, como que dando continuidade à máxima de Sartre “O inferno são os outros”. Não há neutralidade e todos estão envolvidos: educadores e educandos, docentes e discentes. Nem sequer deveremos adoptar uma atitude maniqueísta, seja ela de origem étnica, social ou económica. No fundo todos somos responsáveis e a nossa responsabilidade aumenta na directa proporção da nossa liberdade.

A política do medo que está subjacente ao bullying assenta numa relação senhor-escravo na qual, mutatis mutandi, o agressor é o senhor e a vítima é o escravo. Ora, como bem notou Hegel justamente na dialéctica do senhor e do escravo, nem um nem o outro são livres. Por isso é preciso passar de uma relação binária, baseada no medo e dependência, para uma dialéctica ternária em que a tese (agressor) e a antítese (vítima) dê lugar, pela tomada de consciência desta última, a uma síntese: pessoa livre. E porque todos somos livres todos somos responsáveis.

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