quarta-feira, 20 de agosto de 2008

CONFORMISMO

A adaptação aos outros leva os indivíduos a aceitar as normas sociais vigentes. Define-se norma social a escala de referência ou de avaliação que define uma margem de comportamentos, atitudes e opiniões, sejam permitidos ou condenáveis. A relação entre norma social e normalização é que esta última designa justamente o estabelecimento da norma social com base na influência recíproca dos membros de um grupo de indivíduos que se manifestam hesitantes quando aos modos convenientes de pensar e agir. Por isso, o conformismo é uma atitude desenvolvida e altamente valorizada na vida social.

Conformismo, numa perspectiva científica, implica o designado “efeito Asch”. Contudo, o tema do conformismo leva-nos bem mais longe, como o atesta o texto de Gleitman: “Asch descobriu que a percentagem de indivíduos que se mantinham completamente independentes e seguros dos seus juízos, em todas as séries em que o grupo discordava deles, era inferior a 25 %. A maior parte deles aderiu ao grupo, pelo menos em algumas ocasiões, a despeito da nítida evidência dos seus sentidos – um resultado com implicações algo incómodas para o processo democrático.”

O texto remete para a experiência realizada por Salomon Asch, em que se mostra a realidade das normas impostas pelo grupo e a dificuldade das pessoas em quebra-las, o que nos leva ao tema do conformismo. Se o grupo que nos acompanha manifestar entusiasmo, sentimo-nos pressionados a concordar ou ficamos em silêncio mantendo privada a nossa opinião discordante da maioria. Dizemos, então, que nos conformámos. O conformismo é uma forma de influência social que resulta do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou as suas atitudes por efeito da pressão do grupo.

Na experiência o sujeito tinha de seleccionar, entre três linhas de comprimento desigual, traçadas num cartão, a que era do comprimento de uma outra linha, observada noutro cartão. Embora reconhecendo inicialmente que as respostas certas não podiam ser as que eram dadas pelos outros sujeitos participantes, a partir de determinada altura, o sujeito ingénuo começou a duvidar de si próprio, acabando por se deixar arrastar pela opinião dos participantes coniventes, dando a mesma reposta falsa que eles davam. Depois da experiência, Asch procurou, através de entrevistas com os sujeitos participantes compreender os processos subjacentes ao comportamento conformista.

A partir desses dados, tem-se procurado identificar os factores que influenciam e explicam o conformismo, nomeadamente: a unanimidade do grupo, a ambiguidade da situação, a importância do grupo e a auto-estima. Mas, em determinadas circunstâncias, o conformismo no interior do grupo pode chegar a um nível que conduz a consequências muito negativas, como o processo democrático referido por Gleitman. Há casos em que o inconformismo e a desobediência são mais meritórios, em particular: na inovação científica, filosófica ou artística; na alteração de normas e costumes sociais; em casos de regimes não democráticos; na luta contra os preconceitos sociais.

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